A Medicina Chinesa é uma arte milenar de cura que engloba diferentes técnicas terapêuticas para fazer frente aos diferentes problemas e assim se restabelecer a saúde.
Quando tudo começou
A Medicina Chinesa nasce do conhecimento adquirido pela experiência empírica dos povos que viviam na região da actual China (na altura este território era composto por diferentes reinos). Aliado ao conhecimento prático que ia sendo adquirido, estava a capacidade de observação do ser humano e do mundo envolvente de forma atenta e consciente. Isso permitiu aos médicos, filósofos e estudiosos compreender melhor o corpo e o funcionamento do universo.
Compreendendo que o ser humano está integrado no meio envolvente e que no corpo humano surgem alterações consoante o clima, estações do ano e horas do dia, os conceitos filosóficos chineses sobre o universo foram integrados na medicina. Daí advêm os conceitos de Taiji, Yin e Yang e cinco elementos/movimentos (madeira, fogo, terra, metal e água). Destes conceitos, os mais falados na literatura corrente são os de Yin e Yang.
Yin e Yang representam dois polos, duas energia opostas, mas que se inter-relacionam e complementam. Na prática podemos aplicar estes conceitos por exemplo ao dia e à noite, ao quente e ao frio, ao exterior e ao interior, à pessoa calorenta e à friorenta, à pessoa enérgica e à letárgica, aos tecidos duros e aos moles, à região frontal do corpo e à posterior.
Os chineses foram exímios no registo de informação e foram dos primeiros povos a publicar e replicar obras escritas. Isso permitiu que esse conhecimento chegasse até aos nossos dias. Para além disso, permitiu aos médicos seguintes darem continuidade aos estudos e descobertas que até aí existiam, melhorando cada vez mais os conhecimentos médicos e os métodos de tratamento.
Na Medicina Chinesa dá-se muita ênfase à preservação da saúde, isto é, evitar que as doenças apareçam ou tratá-las antes que evoluam para estados mais graves. Este pensamento já vem desde a antiguidade. Antigamente ficar doente era perigoso, uma vez que havia grande possibilidade de morrer. Hoje em dia, com os conhecimentos mais avançados, não temos a mesma realidade, mas o princípio de evitar a doença continua a manter-se. Isto porque, quando a pessoa fica doente, o corpo vai combater a doença para se recuperar. Este combate gasta energia ao corpo e combates constantes podem gerar esgotamento, deixando a pessoa debilitada, susceptível a ficar doente mais vezes e até a contrair doenças mais graves.
A Medicina Chinesa engloba o conhecimento empírico e filosófico. E a anatomia?
Os chineses, devido às guerras entre os diferentes reinos vizinhos, e por não terem limitação religiosa quanto à exploração dos cadáveres, tinham acesso a estes para desenvolverem o seu conhecimento anatómico do corpo humano. Os livros clássicos de Medicina Chinesa já continham descrições pormenorizadas do corpo humano.
Organização Mundial de Saúde
A Organização Mundial de Saúde categoriza a acupunctura como uma área da medicina tradicional e refere várias patologias nas quais a acupunctura prova ter tratamento eficaz. Consulte aqui algumas das áreas de atuação da Medicina Chinesa.
Técnicas de tratamento
A Medicina Chinesa engloba técnicas de tratamento como a Acupunctura, a Fitoterapia (Farmacopeia), a Massagem Chinesa , Correcções Osteo-articulares (Osteopatia Chinesa), Nutrição e Dietética e Exercícios terapêuticos. Existem também outras técnicas que consideramos aqui como sub-técnicas da Acupuntura. São elas a Ventosaterapia, a Moxibustão, o Gua Sha, entre outras técnicas. Na Clínica José Fontes selecionamos as técnicas, ou a combinação de técnicas, mais adequada para cada situação particular. Temos sempre como objetivo principal a obtenção do melhor resultado terapêutico possível.
Métodos de Diagnóstico
Na Medicina Chinesa são usados métodos de diagnóstico próprios, que consistem na observação, palpação, olfação, auscultação e interrogação.
Para se chegar a um diagnóstico preciso é necessário recolher o máximo de informação possível através de cada um dos métodos, de forma a compreender na totalidade o estado do corpo da pessoa para, de forma eficaz, conseguir não só prevenir as doenças, como também tratá-las.
Este método de diagnóstico inclui a palpação do pulso, do abdómen, de pontos de acupunctura, de diferentes áreas do corpo e a palpação dos meridianos.
Palpação dos meridianos
Podemos considerar que para a acupunctura o método mais importante é a palpação dos meridianos. Neste método sentem-se as alterações dos meridianos, analisando a sua tonicidade, temperatura, irregularidades, etc.
Palpação do pulso/pulsação
A palpação do pulso permite não só verificar a regularidade do batimento cardíaco, mas também o estado dos órgãos internos. Estão referenciados os locais e formas de palpar o pulso de modo a perceber como cada órgão funciona. É também possível compreender o estado das substâncias corporais, como os fluidos, a energia do corpo e o sangue. Existem cerca de 26 tipos de pulsos patológicos catalogados. Por exemplo, se o pulso é fraco indica falta de energia. Neste caso, a pessoa sente-se cansada, com tendência a engordar, tem apetite por alimentos doces e a reter líquidos. Um pulso rugoso/áspero indica alterações na circulação do sangue. Este tipo de pulso está presente em muitas mulheres que têm dores menstruais e infertilidade. Se sentimos o pulso como “pérolas gordurosas a escorregar” há presença de mucosidades (líquidos excessivos e/ou pegajosos, gorduras) e pode ser sinal de colesterol elevado e/ou hipertensão arterial.
Palpação abdominal
Através da palpação abdominal também se consegue determinar o estado dos órgãos internos e dos meridianos. Como é isso possível? Porque os meridianos conectam os órgãos com a superfície do corpo e as suas alterações são muito notórias no abdómen. Um praticante com experiência deve ser capaz de determinar essas alterações através da palpação. Este conceito leva-nos a outra ideia importante: a Medicina Chinesa considera que os órgãos não têm apenas as funções fisiológicas que todos conhecemos. Considera também funções energéticas que interferem com o estado mental e áreas específicas do corpo. É de realçar que este facto tem vindo a ser cada vez mais comprovado pela ciência moderna.
Palpação de pontos
Os pontos de acupuntura estão catalogados segundo categorias específicas (Mu, Shu, Yuan, etc.). As estas categorias estão associadas algumas características relativamente à forma como circula a energia do corpo. A palpação dos pontos de acupuntura permite verificar se a pessoa está com mais fluxo de energia no meridiano X e menos no meridiano Y.
Na observação incluímos a observação da língua, da face, do estado da pele, pêlo, cabelo, dentes, etc.
Observação da língua
Na observação da língua tem-se em conta a cor, o formato, a textura e o movimento da língua. Através da observação cuidada das alterações que a língua apresenta, pode ser verificado o estado das substâncias corporais. Para além disso, é também possível verificar o funcionamento de vários órgãos e áreas do corpo.
Exemplos do que se pode ver através da língua
Se a ponta da língua se encontra vermelha, indica que a pessoa pode ter muita agitação mental, dor de cabeça, palpitações ou alguma infecção na parte superior do corpo, como uma amigdalite. Se a capa que cobre a língua (saburra) se encontra mais grossa na raiz da língua (parte mais interior), a pessoa pode apresentar alterações intestinais ou urinárias ou alterações na digestão. Depois, dependendo da cor da capa da língua e da cor da língua, podem ser determinados mais factores para compreender a causa do problema. Veja mais exemplos de línguas e os seus significados aqui.
Na Medicina Chinesa, o mais importante é compreender a causa do problema, isto é, determinar a raiz da doença, para se tratar a pessoa de forma a que os sintomas não voltem a aparecer.
Observação da face
Na face são observadas essencialmente as cores, rugas, manchas e o brilho da pele. Cada cor indica uma determinada condição da saúde do corpo, sendo relacionada com o funcionamento dos órgãos internos e com as condições da energia, do sangue, dos líquidos orgânicos e da nossa essência (Jing). Podemos tentar explicar o Jing como sendo um dos constituintes básicos transmitidos pelos nossos pais, que nos permitiram desenvolver e manter as funções do corpo. É a nossa bateria primária de reserva. Por exemplo, existem crianças que nascem mais débeis, com tendência a adoecerem com bastante frequência. Na Medicina Chinesa, uma das explicações para este facto relaciona-se com esta “herança” que obtiveram dos pais. Por isso, os pais quando quiserem gerar um filho, devem verificar se estão fortes e saudáveis.
As cores da face
Em relação às cores da face, temos os exemplos da cara vermelha, que pode indicar a presença de calor, tal como uma infecção, calor resultante da ingestão de bebidas estimulantes ou resultante da temperatura envolvente, etc. A cor pálida pode indicar “insuficiência de sangue” e podemos estar perante um caso de anemia, cansaço, uma pessoa friorenta, etc. Uma cara escura pode indicar que a pessoa se apresenta com problemas renais ou com uma dor muito intensa.
A face está dividida em áreas correspondentes a cada órgão e a presença de rugas nesses locais vão indicar também alterações nos órgãos internos.
Observação da pele e pêlo
A observação da pele e pêlo mostra-nos o estado dos líquidos orgânicos, o processo de absorção e distribuição dos nutrientes pelo corpo inteiro, tendo portanto uma relação com o sistema imunitário (sistema defensivo).
A olfação e auscultação são essenciais para obter informações como o odor corporal, hálito, som da tosse, da respiração, expectoração, etc.
Todos já reparamos que existem diferentes tipos de tosse, umas mais agudas, outras mais graves, umas mais fortes e outras mais suaves. O som da expectoração difere consoante esta esteja mais grossa, mais seca ou mais fina e fluida. Por exemplo, se uma pessoa se apresenta com a face vermelha, muito apetite, obstipada e mau hálito, já sabemos que à partida a pessoa está com excesso de calor no estômago. O que significa isso? Significa que o estômago se encontra em hiperfunção, ou seja, a trabalhar de forma acelerada.
Por último, mas não menos importante, falemos sobre o método da interrogação/questionamento. A Medicina Chinesa considera que os órgãos não possuem apenas a função fisiológica que todos conhecemos, mas também funções energéticas. Por exemplo, o órgão X é responsável pela subida da energia no corpo, o órgão Y responsável pela descida, etc.
Que tipo de perguntas são feitas?
Com perguntas sobre as funções dos órgãos compreendemos o funcionamento destes. Essas perguntas vão desde a cor da urina, a qualidade do sono, o funcionamento do intestino, apetite para comer, actividade sexual, período menstrual (se for mulher), etc. Por exemplo, é comum perguntarmos se as fezes são duras, moles, às bolinhas ou se são formadas. Se tem tendência a comer alimentos doces, salgados, amargos, picantes ou ácidos. No caso da pessoa apresentar frequentemente fezes moles, estamos perante um caso de mau funcionamento do sistema digestivo, na absorção de nutrientes e na separação de líquidos e sólidos.
Podem as disfunções energéticas dos órgãos ser detectadas através dos métodos auxiliares de diagnóstico usados pela Medicina Alopática (ocidental)?
Por exemplo, se uma pessoa tem tendência a irritar-se com facilidade, na Medicina Chinesa teríamos uma tendência em analisar a situação hepática da pessoa. Neste caso, podem ser feitos exames sanguíneos. No entanto, numa fase inicial, estes não irão detetar alterações. Tais alterações só seriam detetadas com o passar dos anos e o agravar da situação. Podemos com isto concluir que a Medicina Chinesa contém em si um carácter preventivo de grande valor. É possível detetar e tratar os problemas numa fase muito precoce, mesmo antes de serem detetados através dos métodos convencionais.
Depende da disfunção. Tudo começa por uma pequena alteração que, com a sua permanência vai aumentando e agravando. As pequenas disfunções são detectadas através das funções energéticas dos órgãos. Apenas quando se tratam de condições mais avançadas é que são detectadas pelas técnicas auxiliares de diagnóstico usadas pela Medicina Alopática, como por exemplo, raio-x, análises ou ecografia.
Acupuntura
A Acupunctura é um método terapêutico que utiliza agulhas para a estimulação de pontos ou áreas do corpo com o objectivo de restabelecer o equilíbrio corporal.
As agulhas de acupunctura são finas, com uma espessura de aproximadamente dois fios de cabelo. No entanto existem muitos tamanhos e espessuras de agulhas, mas são bem mais finas que as agulhas comummente usadas em seringas. E a sensação acupuntural não é nada semelhante à das agulhas que se usam nos hospitais.
Na antiguidade as agulhas eram mais grossas do que as que usamos na actualidade, porque dispomos de técnicas para as tornar mais finas.
Perspectiva chinesa → Os meridianos
Os meridianos são canais por onde circula sangue, líquidos e por onde flui a energia do corpo. Esses canais comunicam entre si, afectam-se mutuamente e interligam o corpo num sistema de rede. Conectam os órgãos, conectando o alto e o baixo e as extremidades com o interior. Poderíamos considerar o sistema de meridianos, de uma forma simplificada, como o sistema circulatório sanguíneo, linfático, o sistema nervoso, etc. Com as agulhas de acupunctura consegue-se influenciar a circulação de energia em cada canal. É assim possível, afectar a rede, isto é, o corpo, e restabelecer a saúde.
Perspectiva ocidental
Existem várias teorias que explicam e comprovam a atuação e efeito da acupuntura. No caso específico da dor, quando aplicadas agulhas no local, a inserção da agulha gera um efeito mecânico de libertação dos tecidos que se encontram com aderências e contraturas. Para além disso, existe uma libertação hormonal que ocorre com a inserção das agulhas que, juntamente com o estímulo do sistema nervoso, induz o corpo a desenvolver acções anti-inflamatórias, relaxantes e os mecanismos de cura.
Para compreender este sistema de uma forma mais concreta, analise o seguinte:
Muitas vezes, quando tem um problema de saúde, seja uma infecção ou uma dor, o problema começa num local mas se não o tratar a tempo vai se espalhando ou mudando de sítio. Por que razão o problema afecta ou afectou o local X e não o local Y do corpo? Exactamente porque vai seguindo os trajectos dos meridianos.
Quando compreendemos a forma como os meridianos se influenciam, conseguimos prevenir as doenças de se transmitirem a outras partes do corpo, tornando mais fácil resolver o problema de saúde.
Existem sempre soluções! No caso do paciente ter medo ou algum trauma com agulhas, existem sempre outras abordagens terapêuticas. Estas terapêuticas incluem a Massagem Tui Na nos pontos ou locais pretendidos, a moxibustão, a aplicação de ímans e ervas nos pontos de acupunctura. Pode ainda ser integrada a Fitoterapia Chinesa através da aplicação externa ou por via oral. Na Clínica José Fontes são utilizados todos estes métodos de tratamento, assegurando sempre um tratamento personalizado a cada paciente.
Massagem Terapêutica
A massagem chinesa designa-se por Tui Na, que literalmente significa “empurrar” e “agarrar”. A massagem segue os princípios da Medicina Chinesa: as teorias de Yin e Yang, dos meridianos, etc. Pode ser aplicada com fim terapêutico, tratando patologias musculares e tendinosas, tais como contraturas e dores musculares, tendinites, etc. Pode também ser utilizada numa vertente de relaxamento ou numa vertente mais direccionada para a estética, tendo nesta área também uma grande aplicabilidade (pós-operatório, cicatrizes, emagrecimento, etc.).
Correções osteo-articulares
Zheng Gu significa “correcção dos ossos”. É o que no ocidente chamamos de Osteopatia Chinesa. É utilizada na correção das estruturas articulares e ósseas, com o objetivo de as alinhar. Esta correção das estruturas corporais é fundamental para que o corpo fique equilibrado. É importante que as estruturas corporais estejam alinhadas e os órgãos internos estejam na sua posição correta. Quando uma estrutura óssea ou tendinosa se encontra deslocada provoca dor, desconforto e inflamação do local. É assim, de extrema importância corrigir esta situação e assegurar que todas as estruturas estão na posição correcta.
Fitoterapia
A Fitoterapia Chinesa é extremamente rica e desenvolvida. Os medicamentos estão catalogados consoante a sua categoria: tranquilizante, tonificante, purgante, anti-inflamatório, antibiótico, expectorante, etc. Estão também classificados consoante a sua natureza, sabor, meridianos onde penetram/agem. Estão bem definidas as dosagens recomendadas, as acções e as indicações de cada ingrediente.
Dentro da sua natureza, podemos encontrar os medicamentos pesados (minerais e raízes). Estes têm uma tendência a conduzir o fluxo de energia para baixo. São bons, por exemplo, no caso da hipertensão, ansiedade, ataques de pânico e para o refluxo esofágico. Os medicamentos leves têm uma tendência a ascender. Normalmente são flores e folhas e promovem, por exemplo, a sudorese (transpiração). São úteis em casos de resfriados e problemas respiratórios.
O sabor de cada medicamento dá informação, não só a respeito dos meridianos com os quais este tem mais acção, mas também com os efeitos que irá gerar no corpo.
Ação dos diferentes sabores
- O sabor doce tonifica, dá energia, gera líquidos orgânicos e acalma os espasmos, sendo útil nos casos de fraqueza, cansaço, caimbras e dores.
- O sabor amargo gera uma actividade descendente no corpo. Pode purgar, promover a diurese, desinflamar e eliminar o ambiente que permite o aparecimento de bactérias. É utilizado em casos de infecções, colesterol, hipertensão, etc.
- O sabor picante activa a circulação e desbloqueia os meridianos, sendo indicado nos casos de dores, resfriados e bloqueios.
- O sabor salgado amacia sólidos. É utilizado quando há a presença de massas sólidas no corpo, como é o caso de tumores, quistos e fezes secas.
- O sabor ácido é adstringente, sendo essencialmente usado para adstringir o suor excessivo, a diarreia e a tosse.
- As matérias com sabor insípido, ou seja, com um sabor suave, são utilizadas maioritariamente para promover a diurese e eliminar líquidos.
Porque chamamos “medicamento” e não “planta”?
Neste artigo, esta área da Medicina Chinesa está designada por Fitoterapia Chinesa. Refere-se ao uso de plantas, devido à familiaridade com o nome no ocidente. No entanto, o termo mais correcto seria Farmacopeia Chinesa, denominando-se cada ingrediente por matéria médica ou medicamento. A farmacopeia chinesa inclui, além das plantas, alguns minerais e matérias de origem animal. No entanto, na Clínica José Fontes não são utilizadas matérias médicas de origem animal.
Ventosaterapia
A ventosaterapia, cupping ou vacuoterapia consiste na aplicação de ventosas, actualmente com a aparência de copo, em diversas regiões do corpo. A sucção provocada pelas ventosas gera relaxamento muscular, melhora a circulação e estimula a regeneração dos tecidos lesados (músculos, tendões, etc.). Normalmente, a sucção é criada através do aquecimento do interior da ventosa. As ventosas mais modernas, de acrílico, têm um sistema de extracção manual do ar.
Desde as primeiras ventosas
As primeiras ventosas eram feitas de cornos de animais, passando posteriormente a ser feitas de bambu, mais tarde de porcelana e depois vidro. Hoje em dia existem também ventosas de acrílico. Em Portugal, as ventosas vêm a ser utilizadas há imensos anos pelo nosso povo, especialmente no tratamento de dores e patologias respiratórias. Provavelmente foi um conhecimento trazido pelos jesuítas após o contacto com o povo asiático. Mais recentemente, nos Jogos Olímpicos de 2016, no Brasil, a equipa americana de natação apareceu com as normais marcas após a aplicação de ventosas, trazendo a atenção de muitos para esta técnica tão antiga e eficaz.
As ventosas deixam marca? A aplicação dói?
É comum o surgimento de marcas após a aplicação de ventosas, devido ao vácuo (à sucção). As marcas são redondas, com o formato da ventosa. A cor varia consoante a gravidade da patologia, ou seja, patologias mais severas irão deixar uma marca mais escura. No entanto, apesar das marcas, trata-se de um processo praticamente indolor. As marcas deixadas pelas ventosas fazem parte do processo de cura. O corpo vai activar os mecanismos necessários para recuperar e desinflamar o local afetado.
Gua Sha
O Gua Sha consiste na raspagem da pele com um instrumento próprio para o efeito, sendo utilizada por vezes uma colher chinesa – a sensação é muito agradável. Tem como efeito baixar a temperatura corporal (baixar a febre) e desinflamar os locais onde é aplicado. Permite ainda fazer a manutenção da textura e suavidade da pele. Ao raspar a pele várias vezes desencadeia-se um processo semelhante ao das ventosas. Ativa-se a circulação de sangue, líquidos e energia e o processo anti-inflamatório natural do corpo.
No ocidente, existia uma técnica semelhante, em que os médicos esfregavam o peito dos doentes com patologias respiratórias até haver uma marca.
As marcas deixadas pela aplicação de ventosas e guasha desparecem após quanto tempo?
Estas marcas desaparecem ao fim de 2 a 10 dias, dependendo da constituição do paciente e da gravidade do problema (como referido acima, consoante o problema, a coloração da pele também ficará diferente). Se o paciente estiver forte, recupera mais rapidamente. Não é necessário aplicar nada no local pois o corpo recuperará sozinho.
Moxibustão
A Moxibustão, ou moxa, é o processo que se caracteriza pela combustão de uma erva denominada artemísia. A artemísia (Ài Yè – 艾叶) é moída até se obter uma espécie de “lã”, ou moída para ser enrolada em forma de charuto.
Com a “lã” normalmente fazem-se uns cones que são aplicados directamente na pele (moxibustão directa), queimando-se até que o paciente sinta calor. Nessa altura retira-se o cone e aplica-se outro, sem queimar a pele. Outra forma de usar a lã é aplicá-la numa caixa própria para o efeito, que garante todas as condições de segurança para que não haja acidentes. O charuto de artemísia é queimado e aproximado da área a ser tratada, sem tocar na pele. Denomina-se por moxibustão indirecta.
Para que serve a moxibustão?
Através da queima da artemísia (moxibustão) os pontos de acupunctura são aquecidos e estimulados. Gera-se a ativação do fluxo de energia e sangue, desbloqueiam-se os meridianos e ativam-se os órgãos a que estes estão associados. Como ativa o fluxo de energia e sangue, também é utilizada para o alívio da dor, uma vez que relaxa os tecidos e desencadeia um processo anti-inflamatório.
Existe ainda a aplicação de outras ervas nos pontos de acupunctura (ou áreas do corpo) sem combustão. Neste caso, o paciente pode levar consigo estas ervas aplicadas, como é o caso das sementes de mostarda comummente usadas em auriculoterapia. Através dos fortes óleos que essas plantas contêm, os pontos são estimulados e o seu efeito depende das plantas aplicadas.
Tanto a queima da artemísia, como a aplicação direta de ervas em áreas do corpo, são aplicados também na prevenção de doenças. Este processo realiza-se em alturas do ano específicas, em que o corpo está mais necessitado ou receptivo a este tipo de tratamento. Através deste método podem ser prevenidas doenças respiratórias, cardíacas, digestivas, renais, ósseas, falta de energia, etc.
Dietética e Nutrição
Pode ser considerada como a primeira abordagem que o médico deve usar.
Um grande mestre da Medicina Chinesa, Sun Simiao, dizia: “As pessoas que praticam medicina devem primeiro entender a fonte da desordem e saber o que foi violado, e com isso usar o alimento para curar. Se o alimento não curar, use os medicamentos.”
Na Medicina Chinesa, os alimentos estão catalogados da mesma forma que os medicamentos. Desta forma, o médico de Medicina Chinesa deve conhecer os sabores, natureza e propriedades dos alimentos para fazer uma prescrição correcta e promover a recuperação da saúde do paciente.
Aliada à alimentação, deve ainda ser cuidado o estilo de vida. Estas duas áreas são fundamentais para recuperar a saúde e evitar futuras doenças.
Exercícios terapêuticos/ Qigong
O Qigong/Chikung é a arte que permite cultivar a energia (Qì). Através de exercícios físicos, respiratórios e mentais a energia do corpo é conduzida e ativada, desbloqueando e equilibrando o fluxo nos meridianos. É muito útil para manter um estado de saúde física e mental equilibrados. Podem ser ensinados exercícios terapêuticos aos pacientes, potencializando o efeito do tratamento de acupunctura, massagem ou fitoterapia. Por exemplo, existem exercícios que permitem alongar cada um dos meridianos, relaxar grupos musculares específicos, acalmar, excitar, aumentar a energia e estimular certos pontos de acupunctura.
Os estudos modernos integrados na Medicina Chinesa
Cranioacupunctura
Existem formas novas de fazer acupunctura, como é o caso da acupunctura no couro cabeludo (cranioacupunctura). Esta forma de acupuntura combina os princípios tradicionais da acupunctura com o conhecimento anatómico e neurológico do córtex cerebral. É muito utilizada no tratamento de patologias neurológicas, nas sequelas de AVC (acidente vascular cerebral), no controlo da dor e em patologias do foro emocional e psiquiátrico. No entanto, como está aliada às teorias chinesas, foi criado um microssistema de acupunctura, permitindo agir praticamente em qualquer patologia, em qualquer parte do corpo, seguindo as teorias da Medicina Chinesa.
Eletroacupunctura
A eletroacupuntura consiste na aplicação de uma corrente eléctrica nas agulhas de acupuntura, de modo a estimular (com mais intensidade) os pontos dos meridianos. Durante o tratamento sente-se um ligeiro formigueiro nos locais que estão a ser estimulados. Em qualquer tratamento, a intensidade da corrente é sempre ajustável de forma a que o paciente se sinta confortável.